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20 de janeiro de 2025Por Manuel Matos*
O Canal do Panamá, com sua história de transformação e impacto global, é um exemplo vívido de como investimentos estratégicos podem redefinir o destino de uma nação e moldar o futuro do comércio mundial. Desde sua inauguração, em 1914, até a ampliação concluída em 2016, o canal transcendeu sua função inicial de corredor logístico para se tornar um símbolo de conexão global e prosperidade.
Seu papel no comércio marítimo não é apenas técnico, mas também profundamente humano, ao facilitar o intercâmbio de bens, culturas e ideias entre continentes. Contudo, se não houvesse a decisão corajosa de ampliar o canal, sua relevância teria sido gradualmente erodida pela evolução das demandas globais e pelo avanço de tecnologias e rotas alternativas. Esse esforço monumental de expansão não foi apenas uma obra de engenharia; foi um ato de visão.
Traçando um paralelo, assim como o Novo Canal do Panamá foi a resposta necessária a um mundo em transformação, o Open Insurance se apresenta como a próxima grande transição, desta vez no setor de seguros. Ambos os empreendimentos compartilham a essência de um desafio comum: a necessidade de evolução frente às mudanças globais. O canal precisou se modernizar para acomodar navios maiores, enquanto o setor de seguros precisa repensar suas bases para atender a consumidores cada vez mais digitais e exigentes, que esperam transparência, eficiência e personalização.
A construção do ecossistema do Open Insurance é uma jornada de transformação que, como a ampliação do canal, exige investimentos significativos, coordenação complexa e uma visão clara do futuro. O Open Insurance não é apenas uma questão técnica de compartilhamento de dados. É uma reengenharia completa do setor, que coloca o cliente no centro da experiência.
Ele promove a democratização das informações, permitindo que os segurados controlem seus dados, comparem ofertas de forma transparente e escolham os produtos mais alinhados às suas necessidades. Trata-se de capacitar pessoas, dando-lhes autonomia para tomar decisões informadas e personalizadas sobre sua proteção e bem-estar.
Se o Open Insurance não for construído, as consequências poderão ser tão profundas quanto as que o Panamá enfrentaria sem seu canal ampliado. O setor de seguros, tal como o conhecemos, ficaria desconectado das necessidades modernas. A ausência dessa transformação criaria um vácuo que seria preenchido por modelos menos transparentes e inclusivos, de APIs proprietárias, que priorizam conveniência, mas muitas vezes sacrificam a autonomia do consumidor. A inação resultaria em barreiras à inovação, exclusão de públicos historicamente desatendidos e perda de relevância de corretores e seguradoras tradicionais, que seriam ofuscados por soluções disruptivas e digitais.
A história nos ensina que momentos de transformação exigem coragem e determinação. A ampliação do Canal do Panamá enfrentou ceticismo, desafios técnicos e custos elevados, mas tornou-se um divisor de águas para o comércio global e a economia panamenha. Da mesma forma, o Open Insurance ainda enfrenta resistências e incertezas, mas representa uma oportunidade única de reposicionar o setor de seguros como um pilar de inclusão, transparência e inovação. Mais do que uma transformação tecnológica, é uma transformação humana, que reconhece o poder das escolhas e a centralidade das pessoas.
A construção do Novo Canal do Panamá, que inspirou analogia feita neste artigo, nos mostrou que, quando se investe no futuro, os retornos vão além das projeções econômicas. Eles impactam sociedades, conectam mundos e constroem legados duradouros. Da mesma forma, o Open Insurance tem o potencial de transformar a relação das pessoas com os seguros, garantindo que cada indivíduo tenha acesso às ferramentas necessárias para proteger seu futuro e de sua família, devidamente assessorado pelo Corretor de Seguros de sua confiança. Ambos os projetos nos lembram que as grandes mudanças não são apenas necessárias; elas são inevitáveis. A questão não é se devemos investir, mas se estamos dispostos a liderar o caminho.
O Open Insurance, construído em harmonia por corretores, seguradoras, estrutura de governança e órgão regulador, pode ser a chave para um setor de seguros mais acessível, eficiente e centrado nas pessoas. A escolha está diante de nós: construir ou estagnar. A história nos mostra o que acontece quando a visão e a ação se encontram. O Open Insurance, hoje, nos oferece uma oportunidade de moldar o futuro. Que saibamos aproveitá-la com a mesma coragem, determinação, resiliência e propósito.
* Manuel Matos é 1º vice-presidente da Fenacor, delegado do Sincor-SP e um dos idealizadores que introduziu os corretores de seguros na oferta de certificados digitais no Brasil. Também é coordenador do Comitê Open Insurance da Camara-e.net, entidade que presidiu durante cinco anos, e fundador da Via Internet Insurance Consulting, uma das empresas pioneiras da Internet no País.