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O mercado de seguros, conhecido por sua tradição e estabilidade, encontra-se em um ponto de inflexão. A iminente implementação do Open Insurance e a chegada das Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente (SPOCs) prometem transformar radicalmente o setor, gerando tanto resistência quanto expectativa.
Uma parcela significativa do mercado ainda se apega ao modelo tradicional, onde a informação é centralizada e o acesso a dados, restrito. Essa resistência se manifesta de diversas formas: desde a descrença na efetivação do novo modelo até o receio de perder o controle sobre a carteira de clientes.
A desconfiança em relação às novas tecnologias e a incerteza sobre o futuro do setor também contribuem para essa postura conservadora. Além disso, a cultura de proteção de dados, historicamente forte no mercado de seguros, gera apreensão quanto à abertura de informações sensíveis dos clientes.
O receio de falhas de segurança e vazamentos de dados é um fator importante na resistência à mudança. Para dirimir essas preocupações, a implementação do Open Insurance e das SPOCs se fundamenta em um arcabouço de segurança tecnicamente robusto.
A garantia da proteção dos dados transita, primordialmente, pela criptografia, assegurando que as informações, tanto em trânsito quanto em repouso, permaneçam protegidas contra acessos não autorizados. Mecanismos de autenticação rigorosos e controle de acesso granular reforçam a segurança, permitindo que apenas usuários legitimados acessem dados específicos, com base em permissões delimitadas.
A métrica da segurança é assegurada pela conformidade rigorosa com a legislação de proteção de dados, estipulando um tratamento ético e legal dos dados pessoais. O monitoramento constante, a realização de testes de segurança e auditorias independentes validam a eficácia das medidas de proteção. A governança do sistema se estabelece na definição clara de responsabilidades, por meio de contratos e acordos, na promoção de uma cultura de segurança da informação, com capacitação constante, e na criação de planos de resposta a incidentes, preparando o setor para mitigar o impacto de possíveis brechas de segurança.
No entanto, ignorar a transformação em curso não é uma opção viável. O Open Insurance e as SPOCs trazem consigo um potencial enorme para o desenvolvimento do setor, oferecendo oportunidades que não podem ser negligenciadas. A personalização de produtos e serviços é um dos principais benefícios. Com o acesso a um volume maior de dados, as seguradoras e corretores poderão criar soluções sob medida para cada cliente, atendendo às suas necessidades específicas de forma mais eficiente.
As SPOCs, por sua vez, facilitarão a distribuição de produtos de diferentes seguradoras, ampliando o alcance do mercado e permitindo que os profissionais do setor ofereçam uma gama mais completa de opções aos clientes. A automação de processos, impulsionada pelo Open Insurance e pelas SPOCs, também contribuirá para a otimização das operações, reduzindo a burocracia e aumentando a eficiência do setor.
Além disso, a abertura do mercado para novos participantes e modelos de negócio estimulará a inovação, impulsionando a criação de soluções disruptivas e o desenvolvimento de novas tecnologias. É inegável que a adaptação ao Open Insurance e às SPOCs exigirá um esforço significativo por parte de todos os atores do mercado. No entanto, aqueles que souberem aproveitar as oportunidades oferecidas por esse novo modelo estarão em vantagem competitiva em um setor cada vez mais dinâmico e exigente.
A resistência à mudança é natural, mas a evolução é inevitável. O mercado de seguros precisa abraçar a transformação em curso, buscando o equilíbrio entre a tradição e a inovação, para garantir um futuro próspero e sustentável.
* Fernando Dantas é corretor de seguros, presidente do Sincor-CE e CEO da Beneficium Seguros e Previdência