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15 de setembro de 2025Por Tiago Messa*
Em 2021, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) determinou a criação do Open Insurance com o objetivo principal de modernizar e abrir o mercado de seguros no Brasil. Essa decisão visava: aumentar a concorrência e a inovação; dar mais controle e poder ao consumidor; estimular produtos mais adequados e melhorar a experiência do cliente. Mas, afinal, o que isso significa na prática para o consumidor e para o mercado de seguros?
Hiperpersonalização: o futuro inevitável
O primeiro estudo relevante sobre o Open Insurance, conduzido pela Capgemini em 2022, já apontava a hiperpersonalização como um caminho inevitável. Segundo a IBM:
“A hiperpersonalização é uma estratégia de negócios que utiliza tecnologias avançadas para oferecer experiências, produtos ou serviços altamente personalizados com base no comportamento e nas preferências individuais dos clientes.”
No setor de seguros, isso significa deixar de tratar os clientes como meras estatísticas e começar a oferecer produtos moldados às suas realidades.
Como funciona hoje o cálculo do seguro
Atualmente, o cálculo do prêmio de um seguro é baseado em um conjunto de variáveis que agrupam pessoas em perfis estatísticos. No caso do seguro automotivo, dois grandes grupos de informações são considerados:
Fatores do segurado:
- Idade e sexo (homens jovens pagam mais, por maior risco estatístico).
- Estado civil (casados geralmente pagam menos).
- Histórico de sinistros (bons condutores têm descontos).
- CEP de residência e circulação (áreas de maior risco encarecem o prêmio).
- Uso do veículo (lazer, trabalho ou transporte por aplicativo).
- Condições de estacionamento (garagem reduz riscos).
Fatores do veículo:
- Modelo, marca e ano (carros mais caros ou visados têm prêmios maiores).
- Valor de mercado (base para cálculo da indenização).
- Tecnologias de segurança (alarme, rastreador, airbag, ABS reduzem custo).
O problema é que esse modelo coloca cada pessoa em uma “caixinha” estatística, sem considerar nuances individuais.
O que muda com o Open Insurance
Com o Open Insurance, os dados passam a ser padronizados e portáveis, o que permite ao consumidor compartilhá-los com qualquer seguradora. Na prática: o cliente pode levar seu histórico para outro prestador. As seguradoras têm condições de oferecer propostas mais personalizadas. A concorrência se torna mais justa e transparente.
Imagine um futuro cliente chegando até você com todos os detalhes da apólice atual que mantém em outra seguradora. Muito mais simples fazer uma oferta competitiva, certo?
O consumidor como protagonista
Uma pesquisa global da Accenture (2019), com 47 mil consumidores em 28 mercados — sendo 2 mil no Brasil — trouxe insights reveladores: 64% gostariam que o seguro de carro tivesse prêmio ajustado de acordo com a direção segura; 52% apoiariam prêmios de seguro de vida baseados em estilo de vida saudável; 79% compartilhariam dados de renda, localização e hábitos pessoais se isso reduzisse riscos e custos. Esses números deixam claro: o cliente não é mais apenas segurado, mas coprodutor da experiência.
Hoje, com as fases de implementação avançadas e o ecossistema preparado para escalar o compartilhamento de dados, cada Participante ganha capacidade analítica para oferecer produtos melhores e até criar novas soluções. No fim, hiperpersonalizar vai muito além de preços menores. É sobre resolver dores reais com o melhor custo-benefício, promovendo uma proteção mais completa — seja individual ou familiar.
O Open Insurance é mais do que uma regulação: é uma mudança de mentalidade. Ele abre caminho para um mercado mais competitivo, transparente e justo, onde o cliente deixa de ser tratado como número e passa a ser protagonista da própria experiência.
Oportunidades surgem para todos os lados: para seguradoras, um ambiente fértil para inovação.
Para corretoras, uma avenida de novas possibilidades; para consumidores, produtos mais adequados e personalizados. No fim, o Open Insurance não é apenas sobre tecnologia ou dados. É sobre devolver ao consumidor o protagonismo de sua proteção.
* Tiago Messa é head de Produtos, Open Solutions, Seguros e Finanças na Sensedia