
Manuel Matos participará de painel sobre Open Insurance durante o Digital Insurance Week
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Bacen, Susep e o Open Insurance
28 de abril de 2025Por Manuel Matos*
A recente publicação da Resolução BCB nº 463/2025 traz uma valiosa oportunidade de aprendizado para o Open Insurance, demonstrando como iniciativas regulatórias podem fortalecer e aprimorar significativamente o ecossistema financeiro e de seguros como um todo. Essa nova diretriz do Banco Central estabelece a obrigatoriedade de testes em produção antes do lançamento de novos produtos e APIs no Open Finance, um passo essencial que reforça a segurança, promove a confiança e aprimora a experiência do consumidor.
Inspirado nesse exemplo, o Open Insurance tem à disposição um modelo claro para potencializar seu desenvolvimento. Ao adotar testes obrigatórios semelhantes, o Open Insurance pode assegurar ainda mais robustez às suas integrações tecnológicas, garantindo segurança na troca de dados sensíveis e fortalecendo a confiança do consumidor no uso de serviços digitais para seguros.
A experiência positiva do usuário é um dos maiores ganhos com essa abordagem. Testes reais em ambientes controlados permitem aprimorar a jornada do cliente, simplificando processos e tornando a aquisição e gestão de seguros mais intuitiva e acessível. Essa simplificação é especialmente benéfica para populações até então menos atendidas, ampliando o alcance e tornando o mercado segurador mais democrático e inclusivo.
Embora o Open Insurance já implemente a Ferramenta de Validação em Produção (FVP), as SPOCs (Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente) se inserem como o ambiente natural para testes de usabilidade e performance de novos produtos e serviços. Atuam como verdadeiros laboratórios de prototipagem e testes pré-lançamento em ambientes controlados, permitindo a validação cuidadosa e criteriosa das soluções antes que alcancem o mercado. Com isso, oferecem às seguradoras, corretoras que operam no ambiente digital, insurtechs e demais participantes um espaço seguro para experimentar, avaliar e aperfeiçoar suas soluções, assegurando que elas atendam plenamente às expectativas e necessidades dos consumidores, além de garantir a conformidade regulatória.
Outra vantagem é a possibilidade de ampliar a participação de novos atores no mercado segurador, como as cooperativas de seguros, recentemente admitidas no Sistema Nacional de Seguros Privados, reduzindo barreiras tecnológicas e regulatórias. Uma abordagem estruturada de testes facilita a integração espontânea desses novos participantes ao ecossistema, estimulando a diversidade de soluções e ampliando significativamente as ofertas de proteção para diversos perfis de consumidores.
Um sistema de monitoramento robusto, semelhante ao adotado no Open Finance, fortaleceria também a governança no Open Insurance. Uma gestão eficaz, transparente e ágil facilita a identificação rápida de possíveis melhorias e garante que o sistema evolua continuamente em benefício de todos os participantes.
Ao seguir os passos bem-sucedidos do Open Finance, o Open Insurance pode acelerar seu amadurecimento, criando um ambiente favorável à inovação, inclusão e proteção ao consumidor. A sinergia entre esses dois ecossistemas promove um ciclo virtuoso de aprendizagem contínua e evolução constante, que beneficia não apenas o mercado segurador, mas especialmente milhões de brasileiros que aguardam por soluções ainda mais acessíveis, claras e seguras.
* Manuel Matos é 1º vice-presidente da Fenacor, delegado do Sincor-SP e um dos idealizadores que introduziu os corretores de seguros na oferta de certificados digitais no Brasil. Também é coordenador do Comitê Open Insurance da Camara-e.net, entidade que presidiu durante cinco anos, fundador da Via Internet Insurance Consulting, uma das empresas pioneiras da Internet no País, e idealizador do GuiaOpen.