
Open Insurance só entregará valor ao consumidor com corretores capacitados, reforça Manuel Matos em entrevista ao Universo do Seguro
1 de dezembro de 2025A inclusão dos corretores de seguros como Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente (SPOC) representa, na visão do 1º vice-presidente da Fenacor e idealizador do GuiaOpen, Manuel Matos, mais do que uma conquista corporativa: é “coerência de arquitetura” para o ecossistema do Open Insurance, com ganhos diretos para o cliente, maior fluidez na jornada assistida e um mercado mais competitivo. A proposta reacende o papel consultivo do corretor e redesenha as responsabilidades entre participantes do sistema.
A SPOC, prevista pela regulamentação do Open Insurance e detalhada em manuais e resoluções da SUSEP, é a entidade credenciada para processar ordens de clientes no novo ecossistema de dados consentidos. Para Manuel Matos, autor de estudos e ativista pelo engajamento da corretagem no Open Insurance, a inclusão dos corretores como SPOCs corrige uma falha estrutural.
Na visão dele, quando cada ator cumpre seu papel — seguradoras subscrevem, infraestruturas conectam e corretores orientam — o sistema funciona melhor para quem mais importa: o cliente. Entre os pontos que Matos destaca estão integridade do consentimento, maior fluidez na jornada assistida, convergência do ecossistema e uma competição mais justa no mercado.
Especialistas em mercado e educação estratégica em Open Insurance corroboram o sentido prático dessa mudança. Genival de Souza e Silva, sócio-fundador do Dhomo Instituto e referência em formação sobre Open Insurance, vê no posicionamento de Matos uma discussão sobre arquitetura e não sobre disputa por fatias de mercado. “Alguém sóbrio e visionário falando de estrutura”, afirma. A leitura, segundo Genival, é curta e o raciocínio, preciso.
Do ponto de vista regulatório e operacional, a transformação exige preparo técnico e governança: credenciamento junto à SUSEP, capacidades de gestão de consentimentos, conformidade com requisitos de segurança e integração com APIs padronizadas do Open Insurance. Entidades de classe e iniciativas como o PDMIS (Plano Diretor do Mercado de Intermediação de Seguros) e o GuiaOpen têm buscado mapear essa jornada e oferecer trilhas de capacitação para corretoras que queiram se transformar em SPOC.
As consequências práticas para corretores que optarem por ser SPOCs passam por um mix de risco e oportunidade: por um lado, maior responsabilidade operacional e necessidade de investimentos em tecnologia e governança; por outro, a possibilidade de ampliar relacionamentos com clientes, monetizar serviços de assessoramento e recuperar centralidade na distribuição. Para Matos, trata-se de uma “convergência em andamento”. Agora, o desafio é torná-la duradoura.




