
CQCS publica matéria sobre transformações do setor de seguros com o Open Insurance
23 de junho de 2025Por Manuel Matos*
Meus amigos e colegas corretores de seguros, quero começar esta postagem lançando um desafio: não trago respostas prontas, mas sim convido vocês a refletirem comigo sobre boas perguntas. Estamos vivendo a era da inteligência artificial, dos algoritmos preditivos, da automação e dos dados em grande escala, tecnologias que já estão presentes no nosso dia a dia. Elas aparecem nas plataformas de cotação rápida, nos atendimentos automatizados aos clientes e nas análises precisas de risco para definição dos preços das apólices.
Diante desse cenário, pergunto: como podemos usar essas ferramentas para fortalecer nossa atuação profissional, sem ficarmos totalmente dependentes delas? Como evitar que a automação, tão atrativa por sua praticidade, nos faça perder nossas habilidades analíticas, relacionais e intuitivas, características essenciais de um bom corretor de seguros?
Ao entregarmos decisões complexas às máquinas – sistemas que fazem sugestões, definem estratégias e até negociam –, corremos o risco de perder nosso protagonismo profissional? Será que vamos nos satisfazer com respostas rápidas e padronizadas, deixando de fazer as perguntas importantes que sempre nortearam nossa profissão? Perguntas como: “o que esse cliente realmente precisa?”, “quais riscos ele ainda não percebeu?” e “como construir confiança em uma era digital?”
Precisamos refletir juntos sobre o impacto humano dessa digitalização acelerada. A velocidade com que informações circulam entre seguradoras, corretores e clientes traz eficiência, mas também corre o risco de desvalorizar o relacionamento pessoal, substituído por interações rápidas e automáticas nas telas dos dispositivos. Permitiremos que a tecnologia nos afaste da essência humana da nossa profissão, reduzindo-a a cliques e orçamentos automáticos? Ou conseguiremos encontrar um equilíbrio, usando a inteligência artificial como uma ferramenta poderosa, mas nunca deixando que ela tome o nosso lugar?
A inteligência artificial já analisa informações sobre sinistros, prevê comportamentos e cria ofertas personalizadas. Blockchain promete transformar contratos de seguros, enquanto a biometria agiliza a verificação de identidades. E nós, corretores? Vamos resistir ao progresso, presos à tradição, ou vamos nos adaptar passivamente ao que a tecnologia impõe? Ou talvez possamos construir um meio-termo, onde a tecnologia amplie nossa capacidade de cuidar, proteger e aconselhar os clientes?
As mudanças nos desafiam, mas também nos oferecem oportunidades. Que perguntas estamos fazendo hoje para garantir que amanhã continuemos sendo protagonistas – e não apenas espectadores – dessa transformação? Afinal, o futuro da nossa profissão não depende das máquinas, mas das escolhas que faremos ao utilizá-las.
* Manuel Matos é 1º vice-presidente da Fenacor, delegado do Sincor-SP e um dos idealizadores que introduziu os corretores de seguros na oferta de certificados digitais no Brasil. Também é coordenador do Comitê Open Insurance da Camara-e.net, entidade que presidiu durante cinco anos, fundador da Via Internet Insurance Consulting, uma das empresas pioneiras da Internet no País, e idealizador do GuiaOpen.